topo
linha2

Content on this page requires a newer version of Adobe Flash Player.

Get Adobe Flash player


Fotogaleria

 
» Home » Crónicas e Artigos » Salões da nossa alegria

 

Salões da nossa alegria

Ao longo dos tempos, as populações rurais picoenses criaram espaços comunitários para preencherem os seus tempos de lazer e de convívio. Até então, as “folgas” ou serões onde se bailava chamarritas aconteciam nas salas maiores das casas onde se celebrava a matança do porco, ou decorriam os jantares do Espírito Santo.
Os primeiro salões, segundo sei, foram construídos nas Bandeiras, Lajes, Santa Cruz, Piedade, Santo Amaro e na Prainha de Cima, nos anos 50, por iniciativa dos párocos. Dois deles, os Padres José Vieira Soares e Comendador José Idalmiro Ferreira, tinham uma enorme preocupação pela promoção social e cultural dos seus paroquianos. Através do Teatro e de bandas de Música eles desenvolveram qualidades e capacidades artísticas que, nos meios rurais, surgem, desde que se desperte nas pessoas qualidades inatas.
Os salões passaram a ser espaços comunitários. Neles se passou a realizar jantares do Espírito Santo e casamentos, bailes de carnaval, espectáculos de toda a ordem, reuniões cívicas, catequese, reuniões de  organismos paroquiais,  cursos de formação,  etc.
As pessoas sentiram que o salão era o espaço comum, aberto às iniciativas dos paroquianos.
Depois, a necessidade obrigou a que fossem construídas também cozinhas capazes para se confeccionar jantares do Espírito Santo, com fornos para cozer a massa, fogões industriais, louça, talheres e mesas para sentar os irmãos e os convidados dos mordomos.
A construção dos salões foi sempre suportada pelos locais. As respectivas comissões e direcções, promoveram iniciativas para angariação de fundos e recorreram à contribuição dos emigrantes, eles também envolvidos, nas terras da Américas, em associações com estruturas semelhantes.
Nas últimas décadas, construiu-se novos, amplos e modernos salões em quase todas as localidades da Ilha. Em algumas delas até, mais que um salão pois até os pequenos povoados têm os seus edifícios, com dimensões alegadamente grandes para a utilização que se lhes dá.
Na freguesia das Lajes do Pico, por exemplo, existe um enorme e moderno salão na Silveira, preparado para espectáculos, jantares e festas, com  capacidade para receber cerca de meio milhar de pessoas. Espaços idênticos têm a Ribeira do Meio, as Terras e as Lajes. Até o povo da Almagreira construiu um salão para celebrações especiais e convívios, destacando-se os serões de Chamarritas que atraem muitos apaixonados das antigas folgas.
A maioria destes salões, são propriedade de sociedades recreativas. A elas cabe a responsabilidade de manutenção e modernização dos espaços, para que respondam, convenientemente, ao fim para que foram destinados.
É uma tarefa difícil e dispendiosa.
Há dias, a Direção da Liga dos Amigos da Manhenha, promoveu uma festa para angariação de fundos de que constava também um jantar com pratos típicos de porco. O buffet, a 10€ por pessoa, teve uma enorme procura. Mais de 300 pessoas encheram o salão.
No lugar das Terras, as pessoas do lugar, com pouco mais de 100 habitantes, instalam durante a Semana dos Baleeiros, de há uns anos para cá, uma grande tasca – um autêntico restaurante! - onde são servidos pratos típicos da terra: torresmos, linguiça, morcela, febras e rissóis, peixe, bolo e pão de milho, tudo confeccionado e servido, com asseio, amabilidade, alegria e dedicação, pelas gentes dali.
A Tasca das Terras é um espaço amplo, de visita obrigatória, mais não seja para apreciar e louvar o esforço e a dedicação de um pequeno povo que tem o seu salão como a menina dos seus olhos.
Nos salões e sociedades descobre-se e exercita-se novas lideranças, envolve-se a população na participação cívica e no serviço comunitário, promove-se a identidade e o espírito de pertença, numa palavra: afirma-se a cidadania. Eles contribuem para combater o isolamento e partilhar experiências e vivências entre gerações.

 

 

Queremos ouvir a sua opinião, sugestões ou dúvidas:

info@adiaspora.com

 

  

Voltar para Crónicas e Artigos

bottom
Copyright - Adiaspora.com - 2007